Lisboa, Baixa Pombalina, 22h.
Os poucos que se vêem nas ruas apressam-se para apanhar os transportes para casa.
Provavelmente vêm do trabalho cansados, entediados de cumprir as suas obrigações, de obedecer aos chefes. Correm porque querem chegar ao conforto do lar onde podem recobrar energias.
Deambulam, porém, outros naquelas ruas. Sem trabalho, sem pressas, sem casas.
São simplesmente sem-abrigo. Por uma razão ou por outra escolheram uma vida de exclusão - sem amigos, sem contributo para a sociedade, sem onde morar.
Moram no Mundo, e estão no Mundo, simplesmente.
Sem pressas, sem horários, vivem no perfeito do verbo estar.
Perguntem-lhes se não queriam uma casa. A maioria responder-vos-á (chocantemente para alguns) que não, que esta foi a sua escolha, que a rua é a sua casa. Não terá de trabalhar para pagar a hipoteca nem todas as "mordomias" que uma vida em sociedade exige. Porque simplesmente não quer fazer parte da mesma.
É claro que outros não tiveram escolha. E esse é um assunto tão grave que não me atrevo a debruçar aqui sobre o mesmo.
No rebuliço da vida podíamos optar por ser um "pouquinho de" sem-abrigo: o estar é por vezes mais importante do que ter, fazer e conseguir.
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1 comentário:
Olá Joana! Gostei deste artigo. É verdade que algumas pessoas preferem a rua como casa... mas outras cairam na miséria por culpa de outrem. Aqui fica um pensamento pedagógico: "E se me acontecesse a mesma coisa a mim?"
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