12 de junho de 2008

Saio desta terra.

Caminho numa estrada.
Estrada de onde? Estrada para onde?
São cartas de outro baralho.
Hoje falo das terras por onde essa estrada passa.
E passa por muitos lugarejos sem importância, onde nunca me perco nem fico a conhecer.
Esta estrada passa por muitas curvas apertadas, por precipícios bem altos, por vales e montanhas.
Uns dias chove, o piso escorrega; noutros faz sol e até encandeia.
Apanho o piso em mau estado, apanho alguém que me atrasa o passo.
Tudo isso faz parte.
Tudo isso para passar pelas terras maiores.
Terras onde me perco por longos períodos. Terras que percorro, que vasculho, que conheço. Terras com que me identifico. Terras em que assino o meu nome numa árvore. Terras em que tiro 1000 fotos e trago uma dezena de recuerdos. Terras em que me enraízo e me confundo com a sua gente.
Terras onde ficaria feliz para sempre.
Mas um dia, o click dispara e é hora de partir.
Para trás deixo aquela minha terra. Para sempre minha, e eu para sempre sua.
Sei que não voltarei, esta é estrada de sentido único. Mas a minha marca deixei e as recordações farão sempre parte de mim.
Eu caminho assim, porque é assim que me fazem as terras por onde passo. E a força para caminhar e a coragem para ultrapassar todos os obstáculos é nas gentes que compõem essas terras que encontro.
Saio desta terra só com flor e sem raiz.
Procuro os frutos que esta terra me prometeu.


Roço o lugar-comum: a metáfora da vida e da estrada. Poderia inventar mil metáforas que nenhuma expressaria tão bem o meu sentir neste momento. Nah, cumpri o teu pedido?