23 de junho de 2008

Inacreditável!

Vi este video num blog. E não queria acreditar no que vi e ouvi.
Não podia deixar de partilhar convosco!

16 de junho de 2008

120 Pessoa(s)

Fernando Antonio Nogueira Pessoa - que usou múltiplos pseudónimos, como Bernardo Soares, Chevalier de Pas, Alexander Search, Alberto Caeiro, Álvaro de Campos e Ricardo Reis para assinar suas obras - nasceu em Lisboa no dia 13 de Junho de 1888 e morreu, com apenas 47 anos, em 1935.

Não podia deixar passar em branco o 120º aniversário do nascimento do meu poeta de eleição: Fernando Pessoa.
Homem-génio, poeta sublime, versos imortais!

«Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem achei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,

Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem,
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.

Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que segue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo: "Fui eu?"
Deus sabe, porque o escreveu.»
Fernando Pessoa

12 de junho de 2008

Saio desta terra.

Caminho numa estrada.
Estrada de onde? Estrada para onde?
São cartas de outro baralho.
Hoje falo das terras por onde essa estrada passa.
E passa por muitos lugarejos sem importância, onde nunca me perco nem fico a conhecer.
Esta estrada passa por muitas curvas apertadas, por precipícios bem altos, por vales e montanhas.
Uns dias chove, o piso escorrega; noutros faz sol e até encandeia.
Apanho o piso em mau estado, apanho alguém que me atrasa o passo.
Tudo isso faz parte.
Tudo isso para passar pelas terras maiores.
Terras onde me perco por longos períodos. Terras que percorro, que vasculho, que conheço. Terras com que me identifico. Terras em que assino o meu nome numa árvore. Terras em que tiro 1000 fotos e trago uma dezena de recuerdos. Terras em que me enraízo e me confundo com a sua gente.
Terras onde ficaria feliz para sempre.
Mas um dia, o click dispara e é hora de partir.
Para trás deixo aquela minha terra. Para sempre minha, e eu para sempre sua.
Sei que não voltarei, esta é estrada de sentido único. Mas a minha marca deixei e as recordações farão sempre parte de mim.
Eu caminho assim, porque é assim que me fazem as terras por onde passo. E a força para caminhar e a coragem para ultrapassar todos os obstáculos é nas gentes que compõem essas terras que encontro.
Saio desta terra só com flor e sem raiz.
Procuro os frutos que esta terra me prometeu.


Roço o lugar-comum: a metáfora da vida e da estrada. Poderia inventar mil metáforas que nenhuma expressaria tão bem o meu sentir neste momento. Nah, cumpri o teu pedido?

Um, o ou em silêncio...

Por vezes temos um silêncio.
Por vezes estamos em silêncio.
Por vezes vivemos o silêncio.

Um silêncio embarassador numa sala agitada...
O silêncio calmo dum passeio campestre...
Um silêncio armado dum olhar fulminante...
O silêncio gelado no final de uma conversa acesa...

Com um silêncio grito as minhas palavras de guerra, abafo os meus medos inexplicáveis, murmuro os meus desejos infantis e segredo os meus sentimentos mais puros.

Com o silêncio, vivo o melhor e o pior do mundo e das pessoas. Porque a ausência de conversa e a ausência de ruído espelham tanto um diálogo profundo, sublime e íntimo entre duas almas (a minha, a tua ou a da Mãe-Natureza) como um monólogo surdo-mudo em que se grita o que não se tem coragem para dizer, em que se esconde o que não há coragem para viver.

Em silêncio interrogo-me sobre o silêncio em que vivo.
Porque há silêncios e silêncios...

1 de junho de 2008

Rock in Rio

No dia 30 de Maio estreei-me como "rockeira in rio"!!
Há muito que ansiava uma oportunidade de ir ver ao vivo o evento e posso garantir-vos que não me desiludi.
Espantou-me toda a organização, promoção, mediatismo e loucura que lá se encontra. Espantou-me o espaço naturalmente adequado. Espantaram-me as condições, as pessoas, os pormenores.
Fiquei deslumbrada!
E claro, fiquei deslumbrada com os concertos!!!
E por isso não poderia deixar de fazer aqui uma crítica. Uma crítica às pessoas deste Portugal, aos jornalistas do nosso país...
Porquê não fazer do que se fez bem uma notícia? Porquê só interessa o que não correu bem, o que foi tosco, o menos bom?! Porquê só interessa se a Amy estava drogada, bêbeda ou simplesmente rouca?
Se eu mandasse nos jornais, teria feito a primeira página com o concerto electrizante da Ivete Sangalo, com a abertura de um espectáculo como o Rock in Rio por um artista português como o Paulo Gonzo, com o fecho inigualável e extremamente perfeito do Lenny Kravitz.
Mas não... isso não vende, isso não interessa, não há nada para comentar.
O que importa é que a Amy Winehouse se atrasou, que estava rouca, que tinha uma mão ligada, que tropeçou e quase caiu, que chorou, que tem um hematoma, sei lá mais o quê?!!
E as pessoas que perguntam o que achei dela, se tou desiludida, e nunca me perguntam: "Gostaste do espectáculo?!".
Este espírito português mesquinho aborrece-me.
Principalmente porque não comungo desta maneira fria e "maria vai com as outras" de ver os acontecimentos nem as pessoas.
Reparem, para mim o Rock in Rio foi espectacular e se tiver de destacar alguma coisa, destaco a Ivete pelo meu gosto pessoal e o Lenny enquanto concerto extraordinário.
Mas se me obrigarem a falar da Amy o que vos vou dizer é que vi uma mulher rouca, fragilizada, que chegou à própria da hora porque foi visitar o marido à prisão, que estava mais triste do que nunca por não poder dar o seu melhor perante 100 mil pessoas e que isso me puxa à pena e não ao "enxovalhamento"! Não sei se ela estava bêbeda ou não e também não me interessa. Sei que ela não é uma Santa e que tem feito muita asneira. Mas naquele momento o que a impossibilitou de brilhar foi uma rouquidão que já aconteceu a todos os cantores... e muitos não têm o respeito pelos fãs que ela teve e simplesmente não estão para manchar a reputação, aparecendo para cantar sem voz. Numa tentativa de clarificar todas as dúvidas sobre a sua impossibilidade de cantar, a Amy apresentou-se em fraca forma, por respeito a todos. E no fim, mesmo os que são mais fãs, não hesitam em atirar pedras e destacar a sua má prestação.
Respeito muito todos os seres humanos, principalmente os que se encontram fragilizados, por isso não gostava de deixar passar isto sem dizer que o importante no Rock in Rio foi o que correu bem. E o resto... deixem-se de mesquinhices e tratem dos vossos "telhados de vidro"!