20 de junho de 2011

E não é que um dia aconteceu?
Como viver o dia em que acordas e, afinal, tudo é realidade e foste puxada, sem possibilidade de resistência, sem segunda oportunidade, sem compreender o que se passa, para o meio, mesmo para o meio, do teu pior pesadelo?...
Alguém me sabe ensinar?
É que estou farta de ser auto-didacta, de me esmurrar contra paredes invisíveis e de me apunhalar com punhais que parecem de borracha e continuo a não compreender como se vive nesta terra dos pesadelos...
E melhor, alguém sabe onde encontro o espelho?
Aquele espelho que nos pesadelos (inspirados, claro está, nos filmes de ficção científica) nos dá acesso ao mundo normal e nos traz de volta à realidade...
É curiosa a metáfora do espelho...
Como se, para voltar à realidade, tivesses de encontrar uma forma de (te) reflectir, de (te) rever no mundo fantástico em que tudo parece impossível.
Como se, para voltar a olhar o mundo, ser sem upside down, tivesse de me encontrar no meio daquela bagunça em que nada parece fazer sentido...
Como se o simples facto de nos conseguirmos reencontrar tivesse o poder de arrumar o mundo à nossa volta para que tudo volte ao seu devido lugar.
E, curioso, é que eu acho que a metáfora do espelho não é por acaso.
É porque é mesmo verdade.
Ninguém me ensinou, mas sinto que só reflectindo e reencontrando(-me), no meio dos destroços deste tornado que (me) levou com ele tudo o que tinha, vou aprender a viver neste novo mundo e achar que afinal ainda há alguma lógica nisto e nesta vida...
Falta o reencontrar(-me).
Lá chegarei...
Nos entretantos, se alguém tiver um manual de instruções... ajuda!

23 de setembro de 2010

Happiness is an attitude

Desnudei-me. Expus-me. Mostrei-me a ti, como nunca tinha feito a ninguém, descobrindo as brechas que ficaram de outras batalhas e aquelas que tu próprio me infligiste.
Fi-lo na certeza louca de que concordarias comigo, de que me apoiarias como sempre, de que me farias ter a certeza de que nos meus olhos ainda bailam peixes verdes.
Mas não...
O teu silêncio envergonhou-me, ridicularizou-me. Sem perceberes, cravaste-me outro punhal mais fundo, na feridas (ainda) mal sarada de outrora, enquanto tentavas com beijos parar as minhas lágrimas rebeldes.
Não esperei, nunca poderia ter esperado isto. Mas como sempre, não passou de um momento, que vivi e deixei no passado. Sigo de corpo aguerrido para a frente, sempre para a frente, cada vez com mais certeza de que a razão não é minha, não está em mim, e que continuo a ser sempre muito (mais ou menos, não sei) outra coisa que não racional.
Hei-de lá chegar. Luto para isso. Todos os dias.
Afinal, "happiness is an attitude"!

27 de agosto de 2010

Out!

Queria fugir. Tomar-te pela mão, esconder-nos desta gente que me persegue, das obrigações, das cobranças, da falta de tempo, do trânsito, do telefone a tocar insistentemente, do brilho do computador, das viagens de trabalho, do cheiro daquele carro, desta vida insana que me consome por dentro e que te consome, parasitando-te através desse olhar doce com que me enrolas e acalmas.

Eu sei que não fugias assim. Mas queria raptar-te, não te dar hipóteses. Como ontem, aparecer à tua varanda a acenar com a mão, e ver o teu sorriso surpreendido. Saber que a pilha de papel que me espera na secretária lá estará amanhã à minha espera e eu não vou voltar, porque fugi. E saber que mal te contasse esta loucura, gargalharias e me darias um beijo doce enquanto me passas a mão pelo cabelo e me dizes que preciso de dormir com um ar sério, como quem ralha, um ralhete tão doce que sou capaz de dizer os maiores disparates só para garantir que me vais olhar e falar assim de novo!

Queria tudo isto, mas não posso... Está quase e não lhe chego. Está perto e está distante...
Preciso de sair daqui, preciso de fugir daqui, preciso de férias por tempo indeterminado.

Alguém sabe onde se dão?

13 de agosto de 2010

Sexta-Feira 13

Triscaidecafobia é um medo irracional e incomum do número 13. O medo específico da sexta-feira 13 é chamado de parascavedecatriafobia ou frigatriscaidecafobia.
Esta superstição pode ter tido origem no dia 13 de Outubro de 1307, sexta-feira, quando a Ordem dos Templários foi declarada ilegal pelo rei Filipe IV de França; os seus membros foram presos simultaneamente em todo o país e alguns torturados e, mais tarde, executados por heresia.
Outra possibilidade para esta crença está no facto de Jesus Cristo ter sido provavelmente morto numa sexta-feira 13, uma vez que a Páscoa judaica é celebrada no dia 14 do mês de Nissan, no calendário hebraico.
Recorde-se ainda que na Última Ceia sentaram-se à mesa treze pessoas, sendo que duas delas, Jesus e Judas Iscariotes, morreram em seguida, por mortes trágicas, Jesus por crucificação e Judas provavelmente por suicídio.
Além da justificação cristã, existem duas outras versões que provêm da mitologia nórdica que explicam a superstição. Na primeira delas, conta-se que houve um banquete e 12 deuses foram convidados. Loki, espírito do mal e da discórdia, apareceu sem ser chamado e armou uma briga que terminou com a morte de Balder, o favorito dos deuses. Daí veio a crença de que convidar 13 pessoas para um jantar era desgraça. Há também quem acredite que convidar 13 pessoas para um jantar é uma desgraça, simplesmente porque os conjuntos de mesa são constituidos, regra geral, por 12 copos, 12 talheres e 12 pratos.
Segundo outra versão, a deusa do amor e da beleza era Friga (que deu origem a frigadag, sexta-feira). Quando as tribos nórdicas e alemãs se converteram ao cristianismo, Friga foi transformada em bruxa. Como vingança, ela passou a reunir-se todas as sextas com outras 11 bruxas e o demónio, os 13 ficavam a rogar pragas aos humanos. Da Escandinávia a superstição espalhou-se pela Europa.

6 de agosto de 2010

Só de Sacanagem

"Meu coração está aos pulos!
Quantas vezes minha esperança será posta à prova?
Por quantas provas terá ela que passar? Tudo isso que está aí no ar, malas, cuecas que voam entupidas de dinheiro, do meu, do nosso dinheiro que reservamos duramente para educar os meninos mais pobres que nós, para cuidar gratuitamente da saúde deles e dos seus pais, esse dinheiro viaja na bagagem da impunidade e eu não posso mais.
Quantas vezes, meu amigo, meu rapaz, minha confiança vai ser posta à prova?
Quantas vezes minha esperança vai esperar no cais?
É certo que tempos difíceis existem para aperfeiçoar o aprendiz, mas não é certo que a mentira dos maus brasileiros venha quebrar no nosso nariz.
Meu coração está no escuro, a luz é simples, regada ao conselho simples de meu pai, minha mãe, minha avó e os justos que os precederam: "Não roubarás", "Devolva o lápis do coleguinha", "Esse apontador não é seu, minha filha". Ao invés disso, tanta coisa nojenta e torpe tenho tido que escutar.
Até habeas corpus preventivo, coisa da qual nunca tinha visto falar e sobre a qual minha pobre lógica ainda insiste: esse é o tipo de benefício que só ao culpado interessará. Pois bem, se mexeram comigo, com a velha e fiel fé do meu povo sofrido, então agora eu vou sacanear: mais honesta ainda vou ficar.
Só de sacanagem! Dirão: "Deixa de ser boba, desde Cabral que aqui todo mundo rouba" e vou dizer: "Não importa, será esse o meu carnaval, vou confiar mais e outra vez. Eu, meu irmão, meu filho e meus amigos, vamos pagar limpo a quem a gente deve e receber limpo do nosso freguês. Com o tempo a gente consegue ser livre, ético e o escambau."
Dirão: "É inútil, todo o mundo aqui é corrupto, desde o primeiro homem que veio de Portugal". Eu direi: Não admito, minha esperança é imortal. Eu repito, ouviram? Imortal! Sei que não dá para mudar o começo mas, se a gente quiser, vai dar para mudar o final!"

by: Elisa Lucinda

2 de agosto de 2010

Memórias

Um surpreendente café ao luar...
Inesperado... quente e doce café ao luar...

Acompanhado de uma manta quente e acolhedora, porque no alpendre silencioso faz frio e ainda não é verão.

Um café que cheira a traquinice e ao mesmo tempo sabe a arrepio na pele, sabe a sussurro no ouvido, sabe ao silêncio de um cigarro a meias...

Entramos suavemente, para a penumbra, porque esfriou e toca uma música baixinho.

Silenciamo-nos para ouvir... e gentilmente, num abraço meigo, dançamos sem tempo, esquecendo-nos do espaço.

Nesse momento, antigo e sempre presente, recordo apenas a mão na minha, a minha cabeça apoiada no ombro, a respiração calma e o som... Jorge Palma

30 de julho de 2010

Liberdade!

Nunca pensei sentir-me tão livre...
Como num compromisso que assumimos juntos posso esquecer-me tão de mim e tão de ti, e não sermos nós, não pensar(mos) em nada, só sentir, só ser...

Ensinaste-me que isso era possível, não sempre, mas muitas vezes, noutros momentos de loucura em que me sussurraste apenas "sente". Mas o turbilhão imparável que me inunda, essa força incontrolável que a vontade de controlar apenas alimenta nunca deixou ser possível apenas sentir, apenas ser, sempre pensar.

Mostraste-me que era possível. Não sabias que era esse o resultado, na verdade, nunca pensaste que tinhas tomado parte nesta decisão, que tiveste influência, mas tiveste. Foi por ti, só por ti, e disse-to no momento final, no momento do clímax, da adrenalina no auge, disse-te e esperei que percebesses o quanto o fazia por ser contigo, por ser nosso.

E no entanto, mostraste-me que este nosso pode ser tão meu, ou melhor, tão vazio, tão livre, que não caibo, nem tu, nem nós. Mostraste-me o que já me tinhas descrito e nunca tinha vivido.

Mostraste-me afinal que posso ser como tu, ser-sentido, e não apenas ser-pensante, e que esse "sendo" apenas é possível, ainda que vazio de nós, porque estou contigo, porque nós voamos!

PS - Indescritível o vento a bater na cara, a levez no corpo e o chão, o meu chão, reduzido ao que é, pequenino, lá em baixo!